201205.18
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O bom português

Cada povo, cada nação, cada pátria tem a sua mentalidade e o seu ADN bem definido, isto é, os habitantes de cada país possuem na sua generalidade um conjunto de características que os define ao longo dos mais variados tempos. Estas são especialidade imortais que embora muitas vezes se alterem, nunca deixam de ser salientadas por todos os outros. A título de exemplo ainda hoje afirmamos que os Alemães são frios ou que os Ingleses são pontuais. Então e quais são as características do povo português? O que temos que nos distingue? Sem dúvida que temos a valentia, a coragem e o engenho para partir em busca do desconhecido, a prová-lo está o que já muitos esqueceram mas que eu faço questão de lembrar: Portugal e Espanha dividiram o mundo.

Portugal já foi uma das mais importantes nações a marcar presença, e isso apenas se conseguiu através de esforço, coragem e ambição. Ora essas são as mesmas virtudes que agora nos faltam.

Por mais que digam mal dos portugueses, que uma qualquer agência de Rating nos classifique como lixo, acredito que somos muito mais importantes que qualquer outro país.

Acredito que temos Orgulho na nossa História, que somos descendentes de nobres heróis que lutaram e que defenderam as nossas cores, mas isso não muda o facto de termos uma panóplia de características negativas. Digam-me se as alíneas abaixo não definem aquilo que na maioria dos casos é o Português:

1. O pensamento de que quando algo corre mal poderia sempre ter sido pior.

2. Se não atingimos o grau de sucesso que pretendemos a culpa nunca é directamente nossa mas sim de terceiros.

3. Uma desorganização tremenda em que todos querem mandar mas ninguém quer fazer.

4. O facto de deixarmos sempre tudo para a última.

5. A corrupção. E esta é a pior das características e, está por si só mais associada a países latinos. A verdade é que os povos latinos têm uma maior apetência para os mais variados tipos de corrupção que passam por ser trafulha, fugir aos impostos, passar a perna aos outros, etc.

Claro que também temos, como nenhum outro provo, uma enorme capacidade para nos desenrascarmos das situações mais anómalas, e de onde só um português se conseguiria safar, mas isso não muda o facto de termos uma postura corcunda crónica, que é imperativo alterar. Esta postura está a afundar-nos e cabe a cada um de nós fazer algo mais sério.

 Aqui vai um exemplo:

O futebol é o maior desporto do planeta. O Real Madrid é o maior clube de futebol. O português Cristiano Ronaldo é o maior goleador de sempre do Real Madrid, o melhor goleador de sempre do campeonato espanhol e o melhor bota de ouro da história do futebol moderno.

O texto podia acabar já por aqui. O essencial está dito, mas já agora deixem-me apenas sublinhar uma coisa: o cidadão português que conseguiu este registo histórico (mais de 50 golos no campeonato) é alguém que trabalha duro desde os 12 anos.

Nestes momentos de aflição económica em Portugal, Cristiano Ronaldo deve representar mais do que o nosso orgulho. Deve ser visto como uma verdadeira inspiração. Ao longo da sua carreira, nem sempre as coisas foram perfeitas, mas nunca desistiu. No dia seguinte a um dissabor, lá estava ele, a trabalhar com redobrado afinco, pronto para melhorar, pronto para corrigir os erros.

Não acredito que Ronaldo esteja disposto a pagar do seu bolso alguma da dívida soberana portuguesa, mas pelo menos mostra-nos que o trabalho compensa.

Este texto é sobre Cristiano, mas podia ser sobre os excelentes trolhas portugueses que trabalham em França, sobre os bons soldadores lusos que laboram nos países nórdicos, sobre os grandes artistas do nosso país que brilham em Londres. Todos eles exemplos a seguir.

Carlo Ferreira

cf@acfa.pt